October 22

Em Portugal faltam talhantes, mas há excesso de psicólogos

EDIÇÃO Nº6 | ABRIL - MAIO | 2012

BREVE EXCERTO

”Numa certa noite, quando me encontrava a fazer o balanço dos papéis do dia e a selecionar os que eventualmente seriam úteis para o dia seguinte, uma frase, dita por um economista que participava num dos muitos programas de debate televisivo que a crise nos oferece, concentrou a minha atenção: “ Em Portugal faltam talhantes, mas há excesso de psicólogos”. 

Talvez a hora tardia tenha acordado em mim as memórias do tempo de estudante de Psicologia que não tinha Erasmo, nem bases bibliográficas e nem redes sociais, mas que tinha durante a licenciatura uma cadeira de metodologias e técnicas de investigação e uma cadeira de epistemologia, pois, Bolonha não as tinha ainda remetido para os 2.ºs ciclos, mais ou menos concentrados e integrados, e tinha uma biblioteca que frequentava e uma cantina onde estudantes de Medicina, Letras, Filosofia e Psicologia se encontravam para discutirem e demonstrarem a relevância social e científica da sua área de estudo. Talvez estas memórias me tenham dado a vontade de dizer que, quanto à falta de talhantes, não me pronuncio e que aceito o desafio de contribuir para demonstrar que não há excesso de psicólogos em Portugal.”

Em Portugal faltam  talhantes, mas há  excesso de psicólogos

de Teresa Pereira Esteves

October 22

Work-life Balance/Imbalance: Poderá o trabalho facilitar a vida familiar?

EDIÇÃO Nº5 | FEVEREIRO - MARÇO | 2012

BREVE EXCERTO

”Durante o último quarto de século, na investigação sobre as relações entre o trabalho e a família, a emergência de conflitos tem sido visto como o paradigma dominante (Parasuraman & Greenhaus, 2002). Nesta perspectiva, a relação entre estes dois domínios compõem um “zero-sum game”. Por outras palavras, as consequências negativas de múltiplos papéis (i.e., conflito, desequilíbrios, tensões, interferências negativas, incompatibilidades) criam exigências elevadas num domínio (e.g., trabalho), limitando a capacidade de realizar as exigências no outro domínio (e.g., família) (Friedman, Christensen & DeGroot, 1998).

Segundo Greenhaus e Beutell (1985, p. 77), o conflito trabalho-família refere-se à situação: na qual “as pressões do trabalho e as funções da família são mutuamente incompatíveis e em que a participação num papel torna difícil a participação no outro”. Para os referidos autores, desta forma, esta interferência ocorre quando os trabalhadores não são mais capazes de equilibrar as exigências do trabalho com os papéis familiares.”

Work-life  Balance/Imbalance:  Poderá o trabalho facilitar a vida familiar?

de Carla Carvalho,  Carlos Ferreira Peralta &  Cristina Castro

October 22

Pedofilia

EDIÇÃO Nº5 | FEVEREIRO - MARÇO | 2012

BREVE EXCERTO

“Se abrirmos o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (passe a publicidade gratuita e encoberta!), verificamos que a palavra pedofilia é definida como a atracção sexual mórbida do adulto  pelas crianças, ao passo que o indivíduo que se sente sexualmente atraído por crianças é denominado pedófilo ou pederasta.

O nosso sistema de Justiça, quando confrontado com uma situação concreta em que tal atracção sexual mórbida por menores não se ficou pela mera teoria e foi levada à prática (as mais das vezes, de forma persistente e reiterada), pode estender malhas legais diversas sobre a mesma, em simultâneo ou isoladamente, desde a que se encontra tecida no Código Penal aquela outra que se acha entrelaçada na Lei de Protecção das Crianças e Jovens em Perigo (Lei n.º 143/99, de 1/09, com as alterações introduzidas pela Lei nº 31/2003, de 22 de Agosto) já para não falar da multifacetada rede do direito familiar, que, com alguma frequência, tem igualmente de ser lançada ao mar do pecado.      

O Direito Criminal traça a regra e a esquadro, nos artigos 172.º a 176.º do Código Penal, diferentes crimes dessa natureza, que procuram complementar-se e estender-se por toda a realidade que, de um ponto de vista pessoal e social, merece, na perspectiva do nosso legislador, a censura jurídica mais intensa e séria. 

Os tipos de crime mais graves são aqueles que se traduzem no abuso sexual de crianças, simples ou agravado (artigo 172.º, números 1 e 2), de menores dependentes (artigo 173.º, número 1) ou ainda no tráfico de menores, podendo este ser simples ou agravado pelo uso, por exemplo, de violência, ameaça grave ou ardil ou com intenção lucrativa (artigo 176.º, números 2 e 3), sendo punidos com penas que se situam entre 1 e 8 anos, 2 a 10 anos (tráfico qualificado) ou 3 a 10 anos (abuso sexual de menores agravado).“

Pedofilia

de José Eduardo Sapateiro

October 01

Sala de Espera (Ou o imaginário do doente)

DESTAQUES DA PRÓXIMA EDIÇÃO Nº44 | JANEIRO - FEVEREIRO - MARÇO | 2019

BREVE EXCERTO

”Vamos chegando aos pares ou em família. Raramente sozinhos. Porque, com a companhia de alguém que nos é minimamente próximo, é mais fácil de estarmos ali e de nos sujeitarmos aquele ritual diário do bebe a água contada e vai de carro e estaciona-o na garagem e entra no edifício e depois na sala e regista-te e senta-te e espera e aguenta (ou não) a urina acumulada, quando há atrasos e ouve, a horas ou finalmente, o teu nome e abre a porta elétrica e entra na zona dos gabinetes e recolhe a pasta de plástico, com o teu número e identificação, da estante onde todas estão alinhadas e abre e fecha na tranca a porta do corredor/quartinho livre e despe metade da roupa e calça os chinelos e enverga a bata e espera e ouve, de novo, o teu nome e sai e caminha e cumprimenta e faz uma pergunta e diz uma graça ou uma desgraça ou uma queixa ou uma banalidade e deita-te e deixa-te riscar e mexer e moldar, como se fosses plasticina, pelos técnicos que sabem o teu nome e te dizem, finalmente, para ficares muito quieto enquanto o aparelho passeia por cima e à tua volta, piando de vez em quando como uma ave agoirenta, até se cansar e desinteressar de ti, deixando-te então descer da marquesa e vestir e partir e despedir, até amanhã, até ao dia útil seguinte, onde vais encontrar caras novas e conhecidas.

Tudo isso se passa, quotidianamente, de maneira mais ou menos igual e indistinta e independentemente da simpatia, disponibilidade, compreensão, competência e humanidade com que somos sempre acolhidos no balcão de entrada e depois na antecâmara da sala de chumbo da radioterapia e no interior desta última ou, ainda, na consulta médica regular que temos depois da sessão daquele dia.”

Sala de Espera (Ou o imaginário do doente)

de José Eduardo Sapateiro

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