EDIÇÃO Nº9 | OUTUBRO - NOVEMBRO | 2012
BREVE EXCERTO
”A Neuropsicologia é uma área, comum às Neurociências e à Psicologia, que se dedica à correlação entre as, várias, Dinâmicas Comportamentais do Ser Humano e a Actividade das Estruturas Encefálicas que as sustentam, de forma directa ou indirecta, em situação normal ou patológica. Conhecida, no que respeita aos seus pressupostos e objectivos, desde a Antiguidade (Grécia, Egipto, Suméria, Impérios Astectas e Inca) torna-se conhecida das Classes Científicas e Clínicas nos meados do Século XIX, pela mão do cirurgião francês Pierre Paul Broca quando este localiza a área de articulação da linguagem na região frontal do hemisfério cerebral esquerdo. Não nos alongamos muito mais no que respeita à história da Neuropsicologia dado que, embora de grande interesse e fascínio, não é o tema central deste texto. No entanto não queremos deixar de referir dois pontos. O primeiro diz respeito ao, principal, responsável pela elaboração destas linhas dado que foi o Pai da vertente clínica da Neuropsicologia. Trata-se de Alexander Luria (1902-1977) um neuropsicólogo Russo que, após a 2ª Guerra Mundial, criou todo um sistema de estudo e acompanhamento de militares feridos durante o referido conflito tendo, a partir daí, estendido o diagnóstico e reabilitação de alterações mentais causadas por lesões encefálicas ao resto da população. Por outro lado, inspirou uma multiplicidade de neuro-psicólogos europeus e norte americanos que foram, progressivamente, criando e adaptando meios de despiste e Técnicas de Intervenção. O segundo reporta-se a Portugal. A nossa neuropsicologia, embora assente em raízes bem antigas e ligadas à Escola Psiquiátrica dos fins do Séc. XIX e primeiras décadas do Séc. XX (Miguel Bombarda, Júlio de Matos, Barahona Fernandes….) e a uma neurologia que, na terceira década do Século transacto começava a dar os primeiros passos revelando, no entanto e desde o início, sinais de grande valor (Egas Moniz), instala-se como tal a partir da década de 70 com a criação de uma ver-tente de investigação (António Damásio, Castro-Caldas, José Ferro, Carlos Garcia, Jorge Teixeira Grosso e, posteriormente, Manuela Guerreiro). No entanto, só em 1983 é que se cria, no Hospital Júlio de Matos a primeira Unidade de Neuropsi-cologia (Manuel Domingos, Góis Horácio, Teresa Constantino) dedicada à assistência de pacientes com lesão do encéfalo. Esta Unidade deu, nos primeiros tempos, apoio aos pacientes do Centro de Neurocirurgia de Lisboa, tendo posteriormente passado a ser solicitada pelos vários serviços de neurologia e neurocirurgia de todo o país. Depois, e parando por aqui, a história da Neuro-psicologia Portuguesa tem sido levada por ventos favoráveis, espalhando-se por vários Hospitais e Centros Clínicos de várias cidades do País (incluído as Regiões Autónomas). ”
Reflexões Sobre Neuropsicologia de Intervenção
de Manuel Domingos